Hoje, senti vontade de ler "Cecília Meireles"...
Adoro seus poemas, este abaixo é um dos meus preferidos...
Só agora notei, que acabei fazendo, desta semana, um apanhado de poesias, dos meus poetas preferidos!
Bem, eu acho que estava romântica demais ou nostalgica demais, rsrsrs...
Só Deus para me entender...
* NÃO! JÁ NÃO FALO DE TI
Não! já não falo de ti, já não sei de saudades.
Feche-se o coração como um livro, cheio de imagens,
de palavras adormecidas, em altas prateleiras,
até que o pó desfaça o pobre desespero sem força,
que um dia, pode ser, parece tão terrível.
A aranha dorme em sua teia, lá fora, entre a roseira e o muro.
Resplandecem os azulejos- e tudo quanto posso ver.
O resto é imaginado, e não coincide, e é temerário
cismar. Talvez se as pálpebras pudessem
inventar outros sonhos, não de vida...
Ah! rompem-se na noite ardentes violas,
pelo ar e pelo frio subitamente roçadas.
Por onde pascerão, nestes céus invioláveis,
nossas perguntas com suas crinas de séculos arrastando-se...
Não só de amor a noite transborda mas de terríveis
crueldades, loucuras, de homicídios mais verdadeiros.
Os homens de sangue estão nas esquinas resfolegando,
e os homens da lei sonolentos movem letras
sobre imensos papéis que eles mesmos não entendem...
Ah! que rosto amaríamos ver inclinar-se na aérea varanda?
Nem os santos podem mais nada. Talvez os anjos abstratos
da álgebra e da geometria.
2 comentários:
Quem não gosta de Cecília Meireles.
Uma das grandes musas da poesia.
Lembro-me que o primeiro livro de poesia que li foi Cecília...
Bj
O que eu achei interessante foi seguinte parte:
“Os homens de sangue estão nas esquinas resfolegando, e os homens da lei sonolentos movem letras sobre imensos papéis que eles mesmos não entendem”...
Um retrato do que está acontecendo atualmente.
Fique com Deus, menina Silvia.
Um abraço.
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